Atualmente tem se falado muito em software livre e documento aberto, particularmente já trabalho com esses dois, mas muita gente nem sabe o que significa documento aberto. Eu recebi por e-mail um texto que esclarece muito bem o chamado padrão ODF, recentemente adotado pelo governo brasileiro.
Porquê adotar o Open Document Format?
Nos dias de hoje, cada vez vez mais, a produção de um país assenta na utilização de documentos digitais. E, no entanto, muitas vezes a forma como estes são produzidos e armazenados merece pouca atenção.
O que acontecerá daqui a 20 anos aos documentos que hoje criamos?
Se tudo continuar como até aqui, o mais provável é que a informação que contêm se torne inacessível. Isto porque, na esmagadora maioria dos casos, aquilo que tem acontecido é que os documentos que produzimos são concebidos com base em regras — aquilo a que se chama «formato» — específicas do programa que em cada momento se utiliza; mais ainda, as empresas que produzem esses programas não as divulgam. Isto significa que, para se acessar um documento, tem de se usar sempre o mesmo software.
Ou seja, na prática:
Os consumidores ficam nas mãos das empresas que produzem cada programa (não podendo escolher, ficam, por exemplo, sujeitos a pagar quaisquer preços que elas definam);
O acesso a um documento é condicionado pela sobrevivência da empresa que concebeu o programa.
Recentemente fixado na norma ISO/IEC 26300 — a única do gênero —, o Open Document Format (ODF) é um formato documental que permite que esses problemas não aconteçam.
O ODF, desenvolvido por uma organização independente, tem como principal característica o fato de ser de linguagem "aberta" — isto é, as suas especificidades são públicas e acessíveis. Assim sendo, qualquer empresa de software, mesmo não tendo participado da sua concepção, pode desenvolver livremente, e sem custos, programas que o usem. Trata-se, portanto, de um formato universal.
Mais uma vez, na prática, isto significa que: a) o consumidor passa a poder optar livremente pelo programa que mais lhe convém, pois que o formato com que cada um trabalha é o mesmo — o ODF; b) passa a estar garantido o acesso “intemporal” aos documentos que se produzem (pois são públicas as respectivas características).
Atualmente, o Open Document Format é já o formato nativo de dezenas de programas utilizados por milhões de pessoas em todo o mundo.
Benefícios do ODF
- Acesso livre: O ODF é um formato público, pelo que o acesso aos conteúdos neste formato será sempre livremente possível, hoje e no futuro.
- Interoperabilidade: O ODF é independente da aplicação que o cria, pelo que pode ser aberto, sem perdas ou restrições, em qualquer programa que tenha adotado esta norma.
- Competitividade: Ao promover a interoperabilidade entre programas, o ODF fomenta a competitividade entre fabricantes de software, que baixam preços e se investem mais na melhoria dos seus produtos.
- Inovação: O ODF contribui para o desenvolvimento das tecnologias de informação, pois, por ser público, fomenta a participação de informáticos profissionais e amadores nos mais variados projetos de criação de software. Por outro lado, é possível às instituições aperfeiçoarem os seus programas adaptando-os às características do formato e às suas necessidades.
- Poder de escolha: O usuário não fica refém das suas opções iniciais e passa a poder escolher, em qualquer momento, os programas que mais lhe convierem, de entre um leque muito maior de programas — gratuitos ou não, open source ou não.
- Robustez: O ODF é um formato human readable; assim, potencialmente, quando se perde ou se corrompe uma parte de um ficheiro, este não fica inutilizado, como acontece com outros formatos.
- Reutilização de conteúdos: Na reutilização de conteúdos, optar pelo ODF garante que na transferência para outros formatos nada se perderá — sendo um formato público, cada vez mais os diferentes programas de software conhecem as suas características e por isso cada vez mais interagem sem dificuldades com ele.
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